domingo, 30 de novembro de 2008

Nem mais nem menos

A primeira lábia

Eva nasceu sem o gingado, porém pulara muita corda e amarelinha e ficara com as pernas doídas e estava mancando. Adão todo sem jeito fizera a mesma coisa, mas só coxeava acompanhando a mulher -nada do que estão pensando - hesitava.
Arapongas de penas investigaram, souberam e deram com a língua no bico, segredaram aos meus ouvidos moucos que uma trama urdida pela queda do bem anterior vencida pelo mal posterior estava em marcha numa cabeça debaixo de dois chifres. Viria isto abalar os alicerces do jardim onde o Primeiro Casal desfrutava de uma vida de sombra e água fresca – não façamos comparações. Uma maquinação do tinhoso que por ter tido suas luzes desligadas peremptoriamente quando tentou assumir o poder ainda Lúcifer - anjo de luz- o levara a procurar pelo Mr. M. O mágico o transformou numa serpente.
O diabo do bicho rastejante, indecoroso, com uma pasta Vuitton que carregava no lombo, porque como serpente, mãos e pés não tendo, deu uma de camelô para oferecer toda sorte de bugigangas possíveis à Eva, como colares, pulseiras, brincos, baton, rímel, relógios, piercings e etc. Achou de incutir-lhe um pecado, a vaidade. Começaria ali a tentação de futuro promissor. O diabo já vestia Prada. Da maleta estendeu uma toalha feita de uma flor de vitória régia, num cochilo, ecologicamente correto e sobre ela espalhou a mercadoria adquirida nas lojas da Saara, no Rio. Pôs-se à beira de uma trilha e sob a sombra de uma árvore cujas folhas abrigavam uma biblioteca de tamanho inimaginável, maior do que a do Congresso Americano. No tronco as palavras esculpidas, Árvore do Saber e mais em baixo entre parênteses, em língua estranha: (do Bem e do Mal). E abaixo em vermelho petralha: P.S. “o Bem a depender de verbas de governo”.
A cobra, velha de guerra, mostrou impressionante lábia de um estágio de camelotagem feita com o Silvio Santos. Do alto do seu MBA viu na curva da trilha apontar os caminhantes; mancava ainda Eva, o que levou o ofídio a cantar,
"Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, É ela menina que vem e que passa, Num doce balanço a caminho do mar, Moça do corpo dourado do sol de Ipanema,”
Eva riu, olhou a barriga - os peitos empinados atrapalharam um pouco- viu tudo brancacento e fez seu primeiro muxoxo - -ta doida ela!, no que a serpente não se deu por achada e respondeu dançando várias vezes a dança do ventre - fez o que pode e magrela, sem cintura, bunda e peitos, nem as cobras que passavam ou se balançavam nas árvores deram-lhe a mínima atenção. Bocejavam. O ofídio viu que como cobra teria que lutar muito para ser objeto de consumo, salvo por que iria emprestar seu nome a um outro tipo no mundo do futuro.
Mostrou-lhe a serpente uma loção para bronzear, Eva virou a cara, não iria beber aquilo! Um relógio, disse-lhe que tinha todo o tempo do mundo. Um maiô Catalina: -Não preciso de cobertor. Uma bolsa Vuitton: -Meu canguru carrega minhas pedrinhas coloridas, conchinhas, flores, penas de passarinho, frutinhas e etc. Sobre pincéis, esponjas, bases e pós, batons disse que não desejava ser artista plástica. Um salto Luis XV, não queria viver nas alturas. Uma calcinha. Achou que era máscara cirúrgica. Um espelho. Disse: oi, miga!
A cobra coçou uma orelha, respirou fundo e ofereceu-lhe ser capa da Playboy, respondeu: Adão e eu somos analfabetos sem pai nem mãe, pelados já andamos, tem graça nenhuma, a não ser que ele de terno e eu com um tubinho lancemos moda new look no Fashion Rio. Disse-lhe a serpente: -Veja, a cor de seus cabelos são pretos como as asas da graúna, um pássaro brasileiro que vai ser imortalizado por Henfil, se continuar assim as piadas no futuro não serão com as louras.
Advertida, a desamparada Eva olhou pros lados, para cima da árvore procurando o companheiro. Ele não era um chimpanzé. Estava semi-sentado, recostado no tronco da árvore do Saber, dormia a sono solto, tão solto que voava pelas pradarias muito além da mata. A serpente ao ouvir seu primeiro ronco, sinal de anestesia profunda, estremeceu e deu um largo sorriso mostrando seus dentes brancos sem jaça. -Querida amiga, pelas respostas que você me deu acho que uma coisa é certa, vc não irá muito longe na sua carreira, não falo de corrida, falo de subir na vida, não falo de escada falo de progresso...
Eva enjoada, acha que tem falo demais e exige um basta. -Tudo bem, desculpa, você precisa dominar todas as coisas, passar no ENEM, aprender a dar ordens, saber botar a mão na cintura enquanto bate o pé e rodar a baiana, não levar desaforo para casa, não se submeter a outra mulher, deixar que Adão pense que ele está sempre levando vantagem, saber sempre que o filho que carrega na barriga é dele e se não, deixar pensar que seja, ou ele te mata. –O que é mata? Filho na barriga, o que é isto? -Bem deixa para lá. –Deixa pra lá... será que deixo? –Não deixo, fala o que é! -Não adianta te explicar, não chegou a hora. –Quem? O quem é hora? É de comer? -Você só pensa em comer... É muito curiosa... quer saber? -Quero. -Só tem um jeito flor do dia. Você é tão doce... –É, sou uma flor ou um doce ou os dois?
-Humm, veja isto, sinta o doce aroma desta fruta... ela é da arvore do saber e como gosta de perguntar, quer saber todas as coisas, lhe digo, coma-a e partir da sua ingestão vai ter respostas para todas as suas indagações. Eva pegou, comeu-a e tomou outra.
-Adão, xiiii, ele acordou, pssiiiuu... dê-lhe menos para que ele esteja sempre sob seu domínio. A serpente se escondeu por entre a folhagem e foi se arrastando de fininho e sumiu. Olhos grandes, narinas dilatadas, salivando, esfomeado, Adão vê o vermelho apetitoso, sente o odor da fruta na mão de Eva. -Mim com fome, mim que comer isto aí, me dá! –Calma Adão! Calmadão nada, quero comer! Me dá! –Ô enjoado, quando quer quer mesmo! Pega aí! –Me dá! E o mancebo deu uma bocada caprichada e engoliu um pedaço, dois, três... Arghh! –Que foi Adão? -Estou entalado!

domingo, 23 de novembro de 2008

A linha de produção

Adão dorme profundamente e já ronca porque não pode ficar de lado ou de bruços, principalmente porque está pelado até os dentes. O oleiro está a seu lado, tem todo o respeito por sua criatura, e afunda-lhe uma adaga de cristal puro de rocha no peito. Indolor, a primeira cirurgia da história resulta na doação involuntária de uma costela das vinte e seis que o mancebo possuía, não me perguntem porquê; a outra talvez tenha sido usada para fazer uma amante, mas sem possibilidades de confirmação. Do seu peito a costela inteira é cravada no barro meio mole e a imensa ferida é suturada. Foi fincar no chão e começaram a crescer raízes e galhos, logo as folhas, as flores, e dois minutos após já dava várias espécies de frutas, por causa das células das variedades comidas por Adão. Dali, a jabuticaba, o coco, a melancia, maracujá, berinjela, chuchu, cereja, pêra teriam aproveitamento na feitura de Eva.
Após usar-se iodo (e como ardeu!) a ferida foi tapada com vários band-aids. Da árvore raízes foram transformadas em duas pernas. O oleiro, travestido de marceneiro, olhou para Adão e começou a copiá-lo; pensou no que colocar no meio das pernas. Olhou de novo. Fez os joelhos, que seriam a parte mais feia da criação. A madeira se fez carne e osso e foi sendo esticada feito massinha preparando-se o tronco e os braços onde colocou um joelho pequeno, só que ao contrário e sem rótula (futuro local da dor de cotovelo).
Do caule da árvore escorriam algumas gotas de sangue de onde retirava células-tronco indiferenciadas e ia dizendo fiat figadus, fiat sthomacus e completou todos os órgãos do interior da barriga e tórax. Chegou ao pescoço, e viu que lá para baixo faltava alguma coisa. O órgão sexual era igual ao de Adão. Viu que a espécie humana iria entrar em extinção muito rápido a não ser que lhes desse vida eterna. Um lindo arco íris desenhou-se no céu. Olhou muito zangado para ele e disse que voltasse outro dia porque não estava chovendo. O que se sabe é que removeu a musculatura do pênis, inverteu a pele que virou mucosa de imediato prendendo-a no alto perto da bexiga. Puxou daqui, puxou dali ajeitou e fez o prometido rachadim que no futuro iria receber trocentos apelidos, o que fazer? Achou linda e perfeita. Ele estava cercado por orquídeas, várias Laelias, sem perceber se deixara influenciar. Faltou bater com um martelinho e dizer parla.
Assustou-se com as bolinhas solitárias, tristinhas; não se deu por achado e puxou-as para dentro. Ao pensar na futura reprodução mirou uma berinjela no galho da árvore da vida e foi por ai, colocou lá, seria a madre do corpo. A semente de Adão seria plantada na madre como nos outros animais; usou um espermatozóide de Adão que sonhava e sonhava e se mexia tanto que escapavam alguns. Tirou a cauda do bichinho, disse-lhe que daí em diante ele seria feminino, recebeu em troca uma cara feia, o que pouco adiantou. Eis sua morada e tacou-lhe dentro do testículo que se assanhou mudou a forma para uma avelã e virou ovário. Ei, como vou sair daqui? -A cada quatro luas você e suas descendentes descerão por dois túneis, as trompas, e irão encontrar com seu par. Olha todos cegos irão aos milhões, adoidados, para ver se pelo menos um te acha. Caso contrário adoção poderá ser uma solução.
O oleiro, que passou a marceneiro que passou a cirurgião voltou ao pescoço e fez o arcabouço da cabeça, parecida com a do dorminhoco, não sem antes pensar no leite e para sua produção pediu a um beija-flor para pegar um pouco de células de uma vaca. Sorte nossa! Se bem que no hemisfério norte... Ele era míope, errou e trouxe material de uma gazela. Chegou a hora dos apetrechos do rosto, por inferência, no captar do olhar de uma chimpanzé fazendo caras e bocas; - deu a Eva lábios suculentos, mais vermelhos, a língua capaz de colear, voltear, tremeluzir, saracotear, enrolar e ser enrolada. Lamber crias, só retórica.
Despachou beija-flores auxiliares para outras missões com exigência de, para cada produto, aprovação da Anvisa, código de barras e nota fiscal. Para o nariz secreção de canídeos, pois ela teria que ter um faro extraordinário para perceber cheiro de cerveja, cigarro, charutos, odores de perfumes de concorrentes em roupas e cabelos e poder aprontar quando seu macho freqüentar outras ocas ou tocas. Da águia veio secreção lacrimal para visão acurada de perceber as futuras sacadas no e do mulherio nas praias, festas e igrejas. Secreção de ouvido de morcego para ter um que possa perceber qualquer sussurro extra em telefonemas, cochichos ao pé do ouvido de amigas, colegas de repartição. Mistura de cera do ouvido das zebras, lobas e hienas o material para esta marca eterna. Andará de orelha aparentemente murcha, mas sempre em pé. Acabou de colocar células de língua de arara e o matraquear automático de Eva, começou mesmo sem ter com quem tricotar. Foi posta a nocaute.
Precisava de controle dentro do coco da cabeça para que pudesse andar rebolando, correr atrás de marido, carregar criança no colo e nele dar de mamar, voar, mergulhar, não se dar com sogras, pilotar fogão, blogar, botar a mão na cintura e rodar a baiana. Uma longa depressão mundial não permitira os upgrades nos já obsoletos chips de Adão que apesar de poucos dias estava bem rodado, mas eles haviam se integrado e transformado em quatro neurônios, percebidos através uma ressonância magnética.
O agora neurocirurgião-lingüísta pensou muito e para não lhe criar um concorrente eterno, o que não deu certo, mandou um e-mail cuja resposta veio com dez vezes a velocidade da luz - a atmosfera era limpíssima e sem tempestades magnéticas. Logo a seguir atravessando a barreira do tempo chegam dois esquilos muito engraçados que vieram do futuro, precisamente de um país que pelo seu desregramento de mercado logo após uma promessa de fim do mundo quebrou literalmente. Eles vieram dos estúdios de Walt Disney, lindos e fofos, travessos, um mais safadinho que o outro, sempre se metendo em encrencas.
Apresento aos leitores os adotados e famosos Tico e Teco.
Adão acorda e se extasia. A melhor obra da natureza estava ali na sua frente. Embevecido, um tanto apatetado, aprofundou se na sua inocência absoluta. Revirou os olhos, babou um pouco, não tirava os olhos dos olhos de Eva. Ela deu o primeiro sorriso do mundo, esticou o braço e pegou sua mão. No chão, vários riscos de cálculos que pareciam uma planta de engenharia. Ele sentiu o calorzinho dela e sorriu. -Vamos brincar de pular amarelinha?
Fitava-os de soslaio um bicho rastejante.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Um parêntese no rebuscar do passado

Crys/
Quem diria, quem diria
Que este dia chegaria?
Pois chegou todo sorriso!
Trazendo na intimidade
Uma explosão de magia
Uma peça fundamental
Um naco de um povo
De se tirar o chapéu.
Sufragada por amigos
Ciumentos ou não
Barulhentos com certeza
Todos gritam e têm razão.
É linda, é fofa é água de beber,
É ímpar, tem sal, é sem igual,
É doce, puramente tropical.
Sem concorrente, nem gêmea tem,
Ninguém lhe pega no pé!
Irreverente, inconseqüente
Nada tem de indecente, é gente.
É Amazona, guerreira descendente!
Fala baixo e pensa alto, sem freio,
Para o que der e vier.
E no atropelo de seus escritos
Sucumbe a si, sucumbe a nós
Mulheres e homens... em êxtase
Sem pejo de declarar.../
A graça do seu existir.

**Naturalmente com beijos.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Entrei no jardim...

Entrei no Jardim Caminhando encontrei flores
Não eram flores que eu queria
Era você!

Continuei a caminhada
E como num conto de fada
Encontrei um sapo, não o beijei
Não era um príncipe que eu queria
Era você!


Caminhei até anoitecer
Te vi tão sereno, dormindo
Deixei você em paz
Não era você que eu queria encontrar
Mas sim o sonho...
O sonho que não aconteceu


***

No meio dos sonhos, no silêncio da madrugada, te vejo ao meu lado. Teu calor que apenas pressinto, faz-me mover, inconscientemente... em teus braços me aconchego, sussurras-me ao ouvido... eu sorrio e... desperto!



Apenas deu vontade de escrever isso, hoje!

Crys

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Minha serenidade louca não combina com tua filosofia modesta

Eu vejo o escuro imoral das falas sóbrias e frias, das camas desfeitas e vazias.
Das bebidas derramadas, lágrimas em vão. Não, isso não somos nós!
Não adianta correr, não sentir. Eu danço e rio, faço parte dos teus desejos.
Sou a beleza dos teus pensamentos. O deleite dos teus sorrisos.
És o senhor das minhas sensações, o cenário das minhas alegrias.
Minha serenidade temporária não combina com tua filosofia apaixonada.
Sentes o cheiro da nossa libidinagem que está entranhada em tuas narinas.
Sentes meu gosto, meu gozo, minha tez e meus gemidos deliciando teus sentidos.
Chronos implorando pra Eros não o devorar. Vênus amamentando o que irá te dar.
Minhas pernas amarradas à tua cintura, tuas mãos devorando meus movimentos.
Minha serenidade amando tua filosofia.
Teu odor embriagando meu sono, minha vontade rondando teu quarto.
A harmonia do que não entendemos com a perfeição do que não queremos saber.
Perfeitos na imperfeição de semideuses, no nosso quarto, nossos cheiros impregnados.
Amor sem preceitos nem medos, o desejo da junção do que somos nós.

Crys, num dia e mês qualquer do ano de 1979.
**********
P.S: Na impossibilidade do amigo Dácio fazer a publicação da vez, (e torcendo pra que ele volte logo) deixo com vocês mais um de meus achados no baú do passado.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Belém, 26 de abril de 1974



Querido Jorge,



Faz tempo que tenho vontade de escrever uma carta pra vc. Já tentei uma ou duas vezes, mas acabei desistindo. Agora lendo uma carta perdida numa gaveta, não resisti.
Antes, porém, preciso te falar: passei muito tempo escrevendo cartas, sou "famosa" entre os meus por essa razão. Sempre escrevia quando as coisas não caminhavam bem aqui em casa e o diálogo ficava difícil. Quando eu queria dizer alguma coisa delicada, profunda, mas morria de vergonha de sofrer chacotas. Também escrevi cartas jamais enviadas, geralmente cartas dolorosas e de despedidas. Cheguei a escrever cartas pra mim mesma, parece maluquice, mas não é. Talvez o meu jeito de ser calma, esteja ligado justamente ao fato de desabafar nas cartas que escrevi pra mim.
Eu queria dizer que a muito tempo quero ter um papo sério com você. Parece que ando distante de você. Mas é só aparência mesmo. Toda a nossa turma de amigos já notou que a gente vive sempre se olhando. Preciso me soltar e parar de esconder o meu amor. Mas, justamente hoje, que decidir falar, to de castigo em casa, com muitas tarefas escolares.
Você sabe que no nosso grupinho, há muitas frustrações, muitos não chegam a namorar, ficam trocando olhares, torna-se amigos por falta de coragem, mas namorar só de olhar eu não quero. Também não quero ser apenas sua amiga, quero ser mais, ser namorada, a sua primeira namorada, eu, a primeira e única e eterna namorada. Quero que nosso namoro seja de muito carinho, beijos e abraços.
Minha mãe sempre fala que é o homem que pede a menina em namoro, mas eu to tomando a iniciativa, mesmo que isso me custe uma grande decepção.Você acredita que até ensaiei o que dizer pra você: “Jorge, a muito tempo que somos amigos e eu não quero mais ser sua amiga, quero ser sua namorada! Não dá mais pra esperar que você me peça em namoro, diz logo se quer ou não, acaba com a minha aflição.” Ficou bonitinho, até rimou.
Estou escrevendo, mas não sei se vou enviar pra você esta carta, mas tenho certeza, que na próxima vez que eu encontrar com você e pra te pedir em namoro.
Você é bonito, inteligente, tem bom humor, mas não quero entrar em detalhes sobre suas qualidades, não é esse o motivo da minha carta, estou escrevendo pra você, pra falar do meu amor por você. Você sempre deixa em cada encontro, uma sensação estranha, uma esperança de que vai me pedir em namoro. Eu penso que se não fosse a nossa timidez, tudo já estaria resolvido e eu estaria em seus braços.
Agora preciso estudar, mas estou resolvida, amanhã, na saída da escola, serei ou não sua namorada.

Um beijo, Crystal.

*A carta não foi enviada, mas foi lida pelo Jorge, num dia qualquer durante o namoro que durou três anos. Eu tomei a iniciativa e nunca bateu arrependimento. "Tomar a iniciativa", faria tudo outra vez, se preciso fosse.